Incêndio em favela da Vila Leopoldina atinge mais de 100 barracos
sexta-feira, 27 de julho de 2012O comandante da Defesa Civil da cidade de São Paulo, coronel Jair Paca, informou que 102 dos cerca de 320 barracos da favela Humaitá, na Zona Oeste de São Paulo, foram afetados pelo incêndio que atingiu o local na madrugada desta sexta-feira (27). O fogo começou por volta das 4h e já havia sido controlado logo no início desta manhã. Às 10h20, os bombeiros ainda faziam o trabalho de rescaldo no local.
A favela Humaitá fica na Avenida Engenheiro Roberto Zuccolo, na região da Vila Leopoldina. A via foi interditada. Não há informações sobre feridos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, 20 equipes foram mobilizadas para conter as chamas que se espalharam rapidamente. Muitas moradias eram de madeira, o que facilitou a propagação.
O coronel Jair Paca de Lima, coordenador da Defesa Civil Municipal, o tempo seco também contribuiu para que o fogo se propagasse com velocidade. “Disseram-nos que alguém chegou em casa de madrugada, foi aquecer a comida e uma labareda provocou o fogo. Como o dia de ontem foi extremamente seco, a propagação foi muito rápida”, declarou.
O coronel afirmou ainda que cerca de 410 pessoas moram na área atingida pelas chamas que é 1200 metros quadrados. A área fica em um terreno invadido, 4 mil metros quadrados, que pertence a um proprietário particular, à Prefeitura de São Paulo e ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), que é estadual.
Os moradores retiraram botijões de gás e alguns conseguiram retirar seus pertences. Muitos deixaram suas casas apenas com a roupa do corpo. É o caso da dona de casa Tassiane Correia da Silva, de 22 anos, que mora na favela há 3 anos, com o marido e dois filhos – de 4 anos e um de apenas 3 meses.
Ela estava acordada para fazer uma inalação no bebê, que tem bronquite, quando escutou a movimentação dos vizinhos. “Eu tirei a minha filha de casa e falei para ela correr. Na frente de casa tinha uma escada improvisada, eu tive que pular do meu sobrado com o meu filho no colo. Caí com as pernas cruzadas. Estou até agora com dor nas costas”, disse. Tassiane não conseguiu salvar nem os documentos. “É um sufoco perder as coisas que a gente conseguiu com tanto esforço. A gente tinha acabado de construir o nosso barraco”, disse.
A separadora de alimento Francisca Maria da Silva, de 33 anos, e o marido, o pintor Marcos Azevedo Silva, de 28 anos, também abandonaram a casa apenas com a roupa do corpo e com as três crianças – de 1, 4 e 13 anos. “Puxei todo mundo da cama e saí correndo. Esse cobertor com que enrolei meu filho é de uma vizinha”, disse Francisca. Marcos, que disse pertencer a uma das primeiras famílias que invadiu a área, nunca presenciou um incêndio dessas proporções. “Foi coisa de cinco minutos. Ouvi dizer que meus vizinhos pegaram meus documentos. Eles devem aparecer depois”, afirmou. O casal ainda não sabia onde ia passar a noite. “Nós temos parentes,sim, mas tem uns que nem ligam. Quem sabe alguém não faz algo pela gente”, disse.
De imediato, as famílias atingidas receberão uma senha para inscrição nos planos de ajuda habitacional, coordenados pela Secretaria de Ajuda Social. Alimentos, cobertores e colchõe serão distribuídos aos desabrigados ainda nesta sexta. A Defesa Civil fazia nesta manhã o cadastramento das famílias atingidas. Eles serão inscritos em programas sociais e habitacionais da Prefeitura.
Fonte: G1
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